Todo ser humano é um ser político e deve fazer política.Pois é ela que determina as condições de vida da sociedade. O que não concordo é com a politicagem, com o voto comprado através de favores,com o assistencialismo eleitoreiro, com os políticos convertidos de última hora,que querem fazer dos Ambões ou dos Púlpitos seus palanques,fazendo das Igrejas Cristãs currais eleitorais e não respeitando a fé do povo que se reúne para prestar culto e servir a Deus.Acredito na política do bem comum, que ensina o senso crítico, que respeita a consciência e a liberdade de escolha das pessoas,que denuncia as injustiças, que defende propostas sem indicar nomes.Aprendi que a Igreja é mãe, e por isso,tem que acolher a todos os filhos independente dos partidos a que pertençam,a mãe não pode abraçar um filho e deixar de abraçar o outro...não abraçando,claro, as idéias que contrariam o evangelho e o seu magistério.Por isso peço a Deus que abençoe a todos os candidatos e candidatas que defendem incondicionalmente a preservação da vida em todas as suas etapas,o desenvolvimento sustentável do nosso planeta, a liberdade religiosa e principalmente a justiça social e que não sejam reféns do capitalismo e de grupos políticos que oprimem o povo.
Hoje a Liturgia da Igreja nos faz refletir sobre a parábola do semeador(Mt 13,18-23), chama-me atenção o versículo 19:"Todo aquele que ouve a palavra do reino e não a compreende,vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração.Este é o que foi semeado à beira do caminho"...Qual a nossa resposta diante da proposta de Jesus?Ele tem sido o caminho que estamos seguindo ou estamos apenas "sentados à beira do caminho"vendo a vida passar como diz aquela canção do Erasmo Carlos:"Vejo caminhões e carros apressados a passar por mim, estou sentado à beira de uma estrada que não tem mais fim,preciso acabar logo com isso,preciso lembrar que eu existo"...?Somos participantes do reino ou meros expectadores do Cristo e da Igreja?Quem apenas "assiste" o evangelho, corre o risco de tornar-se apenas um torcedor, que torce para que "no final" tudo dê certo para o "mocinho"e seus companheiros de viajem, ou regozija-se com os contratempos entre aqueles que já estão caminhando e esperando que o "circo" pegue fogo...Somos chamados, como Zaqueu, a descermos da árvore e colocarmo-nos a serviço do reino, a fazer parte e seguir o caminho que é Jesus...Quem apenas admira o Cristo, se distrai e não consegue compreendê-lo,e a mensagem lhe é facilmente retirada e encoberta por outras propostas "mais atraentes"...Só caminha quem sai da beira da estrada!
Foi nos anos 60 que a música popular religiosa começava a ganhar forma no Brasil. Anterior a esta década, não há nenhum registro de quaisquer outras gravações.
Muito antes do filme "Mudança de Hábito" nos anos 90, em que um grupo de freiras transformavam o convento em um grande coral, uma irmandade do interior de São Paulo as "Missionárias de Jesus Crucificado" lançavam em 1963 o seu primeiro LP, intitulado "Missionárias em LP" com selo da própria irmandade, com músicas compostas pelas próprias irmãs e feito sob encomenda pela Cia Industrial de Discos no RJ.
As irmãs foram pioneiras em uma época em que freiras gravarem um disco era um ato altamente criticado, inaceitável. E o mercado para a música religiosa era muito restrito. O primeiro disco foi tão bem aceito, que em 1964 veio o LP "Quando canta o coração" que seguia o ritmo da MPB e a movimento da Jovem Guarda da época. Uma canção em especial neste disco composta pelas irmãs, virou um hino de bondade até hoje: "Um pouco de perfume":
"Fica sempre, um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas, nas mãos que sabem ser generosas..."
Nesta mesma época o ministro David Wayne Smith da Igreja Presbiteriana do Estados Unidos, vem ao Brasil como missionário e tendo se instalado no convento das MJC, conhece o trabalho musical das irmãs e as convencem a gravar um LP com versões em inglês de suas canções com a participação do ministro americano: é lançado o LP "Whentheheartsings" (Quando canta o coração), no Brasil e nos Estados Unidos, também em 64.
Capa brasileira
Capa americana
Em 1965 veio o disco "Felicidade Chegou"; e quase 13 anos depois o último LP "Alegrai-vos no Senhor" pela Sono-Viso, em comemoração aos 50 anos da irmandade no Brasil.
As mensagens de paz, caridade e otimismo foram a marca registrada pelas MJCsem suas canções, tudo isso com uma pitada de muita alegria e animação.
Só então, em 1965, que as Edições Paulinas alugam estúdio em São Paulo e gravam compactos comemorativos para o dia das mães e dia dos pais etc... WilmaCamargoera a compositora, cantora e fazia os arranjos dos compactos.
Compactos de Wilma Camargo
Em 1967, Pe. Zezinho, depois de ter sido ordenado em 1966 nos EUA, vem para o Brasil e muda completamente a forma de se conduzir uma missa, compondo e introduzindo instrumentos elétricos, atraindo multidões... principalmente os jovens, pois falava a linguagem que os jovens da época entendiam. Alguma coisa muito boa acontecia na Paróquia São Judas Tadeu na capital São Paulo. Grava pela "Congregação do Sagrado Coração de Jesus", que é sua congregação, os seus primeiros discos, sob encomenda da RCA Victor.
Capa de "O Cristo Inconstante" 1969 pela RCA.
Em 1968, o paraguaio Padre Irala, grava o seu primeiro LP pelas Edições Paulinas"Juventude e Alegria" e seu primeiro compacto "Irala Canta" que eternizou a "Oração de São Francisco".
À partir de 1970, eram compostas e gravadas em compactos, canções feitas especialmente para as Campanhas da Fraternidade, pela CNBB.
Em 1970, Padre Zezinho grava seu primeiro compacto "Canção da Amizade" pelas Edições Paulinas. Antes desse lançamento, P. Zezinho já tinha composto um compacto duplo para o Irala: "Transpondo Fronteiras".
Daí em diante Pe. Zezinho se torna o artista de maior visibilidade da editora e da Música Católica, lançando muitos compactos, discos de mensagens para jovens e livros às dezenas. Só em 1972 lança o primeiro LP com 12 canções "Estou pensando em Deus" cuja capa não possuía o nome do autor e nem mesmo o título; apenas a imagem de um jovem padre emitindo ondas de sua mente para o mundo. E foi exatamente isto que aconteceu... o mundo conheceu suas canções.
São quase duas centenas de discos catalogados, quase 100 livros e projetos de bandas a quem formou, compôs e produziu. Influênciou e influencia todos os cantores que surgiram depois dele: católicos ou evangélicos. Padre Zezinho grava seus CDs até hoje com as Edições Paulinas; mas nesses quase 50 anos, houve exceções em que o autor gravou em outras editoras ou gravadoras; quando seu trabalho não é aceito na Paulinas, ele tem a liberdade de publicar em outros meios: Nos anos 70 gravou alguns discos pela Sono-Viso no RJ(que fechou nos anos 90), e nos anos 2000 pela Procade no sul do Brasil. Já publicou livros pelas editoras Paulus, Santuário e Loyola.
Em 1972, Pe. Zezinho revela Silvio Brito que lança o primeiro compacto: "Muito prazer, Jesus Cristo"... na contracapa uma mensagem do P. Zezinho: “Achei que um jovem que domina 10 instrumentos, compõe, e procura viver o que anda cantando devia receber um púlpito. Trouxe-o para vocês”, apadrinha o religioso.
Em 1976, surge Pe. Jonas Abib com suas primeiras canções para os grupos da Renovação Católica Carismática e o primeiro LP: "Canções para orar no Espírito". Em 1977, veio o primeiro disco solo "O amor vencerá", ambos gravados nas EdiçõesPaulinas. Mais tarde ele dedicaria seu tempo ao projeto "Canção Nova", que hoje é uma grande rede de rádio e TV.
Também nos anos 70, a Irmã MiriaTherezinhaKollingICM, surge no cenário musical das Edições Paulinas. A curiosidade é que a irmã não canta em seus discos, apesar de compor letras e músicas.
Com cada vez mais força no mercado, as Edições Paulinas lançam muitos LPscelebrativos entre 76 e 1990, com diversos nomes, que mais tarde se tornariam importantes para a MPB. Em quase todos estes discos celebrativos lá estavam eles: Astúlio Nunes, Reynaldo,Jessé (que mais tarde, em 80, ganharia o Festival MPB Shell de melhor intérprete), Regina Carvalho, Antonio Cardoso, Nairzinha... pessoas que não estavam na mídia, mas que tinham talento e vozes espetaculares, e o coral Canarinhos Liceanos.
Capa de 1976 - Reynaldo Cominato "Bom dia, meu amigo": Segundo informações da internet, cantor teria morrido por câncer, na década de 90.
Capa de 1980 - "Caminheiro": disco fantástico com muitas composições do Frei Luiz Turra, nas vozes de Reynaldo, Astúlio, Regina e Tuca Em 1981 é gravada a música "A barca", composição de Cesario Gabarain nas vozes de Astúlio Nunes e Cidinha Olivetti, em um compacto duplo de mesmo nome.
Entre 1982 e 1983, o Padre Antonio Maria grava seus dois primeiros LPs: "A Esperança tem voz" e "Tempo de Paz". Após estes trabalhos pelas EdiçõesPaulinas, ele passa a gravar em outras editoras os seus discos solos.
Em 1984 é lançado pela Emaús Discos o primeiro LP "Louvemos o Senhor", projetoidealizado por Kater, embalado pela RCC. Os vários volumes que se seguiram, tiveram a participação e a revelação de muitos cantores como: Maria do Rosário, Pe. Joãozinho, scj, e alguns Lps tiveram a participação do Pe. Antonio Maria. O sucesso foi tanto que virou programa de TV e um livro de músicas usadas em celebrações. Louvemos o Senhor é exibido até hoje na TV Século 21.
Em 1985 a banda Agnus Dei, lança o seu primeiro LP.
Sem mídia e sem marketing, mas com talento, a canção "Oração pela Família" no lado B do disco "Sol Nascente, Sol Poente" do Pe. Zezinho vende mais de um milhão de cópias, e é disco de diamante. Um feito inédito na música religiosa no Brasil. Durante anos ele negou o direito de gravação desta música para outros cantores, inclusive Roberto Carlos.
Nos anos 90 há uma prolongada escassez de novos talentos na música católica. Pe. Zezinho cria o grupo Cantores de Deus em 1995, grupo que o acompanhava em seus shows pelo Brasil e os colocava para cantar em quase todos seus CDs seguintes. Só em 1998, os Cantores de Deus lançaram o primeiro CD: "Em verso e em canção" totalmente produzido pelo Pe. Zezinho - letras e músicas - o sucesso foi tanto que o grupo gravou uma versão em espanhol do CD "En verso y en canción" viajando mundo afora. A primeira formação do grupo agradou a todos; os dois primeiros CDs foram disco de ouro. Infelizmente membros foram deixando o grupo, e da formação original, apenas duas cantoras permanecem até hoje.
No fim dos anos 90, uma paróquia na capital paulista chama a atenção da grandemídia pela quantidade de pessoas que se apertavam para tentar assistir a "missashow" do padre que era um verdadeiro animador: Marcelo Rossi. Ele utilizava danças, coreografias, e sua banda fazia um apanhado geral de músicas antigas dos movimentos da RCC e até músicas evangélicas entravam no repertório. MarceloRossi não canta nem compõe. A mídia o fez superestar da noite para o dia. Em pouco tempo já estava em todos os programas de televisão e rádio, suas canções tocavam até mesmo em boates edanceterias; os templos ficavam pequenos demais pela quantidade de pessoas que vinham de todos os lugares para vê-lo. A superexposição do Padre foi altamente criticada por alguns setores da própria Igreja Católica e pequenos grupos de outras religiões, sentiam-se ofendidos por ver um padre católico utilizando algumas de suas canções. O que o fez dar um tempo da grande mídia. Mesmo com tanta polêmica sobre dançar ou não numa celebração, cantar ou não músicas de outras igrejas, o primeiro CD "Músicas para louvar o Senhor" de 1998, vendeu mais de 3 milhões de cópias: o resultado disso foram 3 discos de diamante.
Por aqui eu termino essa história. Sei que muita coisa surgiu depois de 1998, e muita coisa mudou, e meu conhecimento não é tanto de lá para cá. Meu objetivo foi mostarque houve muita gente boa e talentosa que lutou pela música religiosa católica, antes da mídia criar superastros, como se esse movimento tivesse começado ontem. Se me esqueci de alguém, peço desculpas. Sugestões são benvindas nos comentários.
Lembre-se: Dia 06 de julho (1a Sexta-feira do mês) : Missa da Divina Misericórdia, Adoração ao Santíssimo Sacramento e Terço da Misericórdia. Igreja de São João Batista as 14hs. Transmissão pela TV Nazaré - Canal 53.