30 de agosto de 2011 às 10:46
POR JULLY CAMILO
O padre Inaldo Serejo, coordenador estadual da Comissão da Pastoral da Terra, seção Maranhão (CPT-MA), denunciou ontem que no último final de semana ocorreram, no estado, três episódios de violência envolvendo quilombolas, índios e lavradores sem-terra integrantes dos movimentos quilombolas, indígena e dos trabalhadores sem terra.
Foto: G. Ferreira
Quilombolas, indígenas e sem-terra continuam ocupação do Incra
Serejo relatou que no sábado (27), o quilombola conhecido como “Zé da Cruz”, residente na comunidade Salgado, município de Pirapemas, teve sua casa atingida por vários tiros. “Ele já vinha sendo ameaçado por um latifundiário da região que afirmava ser o proprietário da terra. Em decorrência disso, o capataz do mesmo teria dito que começaria a matança ‘pelo dono dos porcos’. Na tarde de sábado, vários desses animais foram mortos a tiros, com a finalidade de intimidar o lavrador e sua família. A área em questão mede 1.089 hectares e é habitada desde o século XIX pelos quilombolas, que hoje disputam as terras com o latifundiário Moisés Sotero dos Reis”, disse o padre Inaldo.
Índios – De acordo com o religioso, os índios Awá Guajá, que vivem na região de Bom Jardim, também estão sendo ameaçados de morte por madeireiros da região, que teriam sido presos durante uma operação realizada por Ibama, Funai e polícias Federal e Rodoviária Federal. O coordenador da CPT afirmou que, como retaliação, os madeireiros teriam contratados pistoleiros para matar lideranças indígenas.
Sem-terras – “Os problemas não param por aí. No acampamento Salete, município de Ribamar Fiquene [sudoeste do Maranhão], aproximadamente 38 famílias do MST, que já residem no local há mais de três anos, também estão sendo ameaçadas de morte por pistoleiros, e de despejo pela Polícia Militar. A PM esteve no local sem apresentar qualquer documento judicial, informando apenas que as famílias deveriam deixar o local em até 15 dias, sob pena de serem presas”, revelou Serejo.
Acampados – Quilombolas, lideranças indígenas e integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), acampados no auditório do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), se reunirão hoje (30) pela manhã com o superintendente do órgão no Maranhão, José Inácio Rodrigues Sodré. A reunião vai tratar dos itens descritos na pauta de reivindicações nacional, que deverá ser discutida amanhã (31) com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence.
Os integrantes dos movimentos sociais continuam chegando à sede do órgão a todo momento. Na manhã de hoje (30), acontecerá uma coletiva de imprensa com as vítimas dos incidentes ocorridos no último final de semana no interior do estado. Os manifestantes afirmam não haver data para deixarem o Incra e exigem o cumprimento do acordo firmado com os governos federal e estadual, no dia 22 de junho, que trata, entre outros assuntos, da agilidade nos processos de regularização de terras e do combate à violência no campo.
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