terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Suicídio: Por quê?


Por 
Diácono José Antônio Jorge*
Do Site cnd.org.br




A freqüência com que nos deparamos com a prática do suicídio - um ato insano de se tirar a própria vida – deve levar os pais, educadores, teólogos e ministros religiosos a uma profunda reflexão. Quais as causas que levam uma pessoa a se desfazer, de uma forma violenta, do bem mais precioso que temos - a vida? Vivemos num mundo vítimas da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana . Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Não temos estatísticas exatas sobre suicídios, pois 50% deles são rotulados como acidentes. Nos Estados Unidos, setenta e cinco por cento das pessoas que tentam o suicídio e não morrem são jovens. Quais os fatores: carência afetiva, rejeição, baixa auto estima, falta de sentido da vida? Ausência de Deus no cotidiano das pessoas? Idolatria do ter e menosprezo do ser?
O ser humano, nesta busca louca do “ter” e de “competir”, é vítima da paranóia e depressão cada vez mais precoces. O excesso de responsabilidade e a carga horária pesada colocada sobre os jovens tem sido a grande causa da depressão. A criança não tem tempo de desfrutar poder ser criança.
Entre os distúrbios afetivos um acontecimento perigoso que facilita o suicídio é o isolamento. No caso da cantora inglesa, que demonstrava instabilidade emocional é incrível pensar que a mãe esteve com ela dois dias antes, notou nela algo estranho, desconcertante, doentio e não procurou, aparentemente, ampará-la com a companhia, a presença, o afeto, o calor humano. Também o moço que produziu um massacre na Noruega fazia cinco anos que não tinha contato com o pai. Vejam os frutos da desestruturação da família! Num momento de angústia e depressão a falta de um ombro amigo e um coração generoso pode desestabilizar a pessoa que sofre e levá-la a atos contrários à própria natureza humana. Nestas circunstâncias a pessoa busca na morte um sentido para a vida!
O filósofo Norbert Elias diz que a morte é um problema dos vivos. Mortos não têm problemas! Há, porém, um outro tipo de suicídio que costuma acontecer primeiro quando uma pessoa perde a fé: trata-se do suicídio espiritual. São Francisco de Sales andou entre os suíços e os habitantes da Savóia tratando de prevenir que cometessem um suicídio espiritual por causa dos escândalos que grassavam entre aqueles povos.
Se de duas coisas não podemos escapar – a morte e os impostos – vamos aprender a valorizar a vida! Encarar a morte não como uma fatalidade, ou um fim em si mesma, mas como um destino para uma realidade muito maior. Mas, antes de chegar este momento, vamos curtir e ajudar os outros a saborear tudo o que o dom mais precioso nos pode oferecer: a vida. Parafraseando Francisco Xavier: a vida deve ser construída nos sonhos, mas concretizada no amor!


*Arquidiocese de Campinas

Mestre em Teologia e autor do Dicionário Informativo Bíblico, Teológico e Litúrgico e do livro “Escuta Cristã” da Editora Vozes.

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