sexta-feira, 23 de março de 2012

Hoje o Crucifixo. Amanhã?




Muitas pessoas estão perplexas com os ataques à fé cristã, aos símbolos religiosos e ao próprio Deus.

Acontece que os ateus modernos e os agnósticos se organizaram para extirpar a idéia de Deus da humanidade.

Para alcançar este objetivo procuram destruir as religiões e as organizações religiosas. Por isso semeiam, especialmente nas universidades, a antipatia às Igrejas e às autoridades religiosas.

Naturalmente não faltam exemplos de pecado e de desrespeito aos direitos humanos na história das religiões. Mas ocultam a cultura e o contexto em que tudo aconteceu, fazendo crer que hoje é a mesma coisa. “Como era no princípio, agora e sempre”!

Na Alemanha, os ateus e os agnósticos se organizam na “Fundação Giordano Bruno”. No Brasil, na ATEA (Associação dos Ateus e Agnósticos).

Ensaios de ataques aos símbolos religiosos não faltam. Faz pouco tempo as autoridades da Baviera mandaram retirar os crucifixos das escolas de Munique (Alemanha). Mais de um milhão de pessoas protestaram nas ruas de Munique contra a decisão. As autoridades voltaram atrás.

Na Itália, uma senhora pediu a retirada dos crucifixos dos espaços públicos “porque isto lhe causava fastio”.

O Conselho de Ministros da Itália respondeu que o crucifixo é um símbolo da cultura da absoluta maioria do povo italiano. Aquela senhora apelou ao Parlamento Europeu. Após algumas dúvidas, Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu considerou acertada a decisão do Conselho de Ministros da Itália.

Em Porto Alegre, a pedido de duas organizações da sociedade, o Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul acolheu o pedido e mandou retirar o crucifixo dos espaços do judiciário gaúcho.

O que faremos? Primeiro, levar o ateísmo a sério. O Concílio Vaticano II afirmou em 1965 (GS nº 76) que “o ateísmo é um gravíssimo problema de nosso tempo”. Além do mais, “a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da outra” cada uma no campo específico.

Por isso aconselha o diálogo, do qual ninguém fica excluído “nem aqueles que se opõem à Igreja e a perseguem de várias maneiras”.


Na Albânia, o Estado professou oficialmente o ateísmo. Fazer o sinal da cruz era proibido sob pena de morte. Mataram quase todos os padres. Um arcebispo da Albânia, ainda vivo, disse que o sinal da cruz, “só debaixo das cobertas”.

No Brasil, o Estado é laico. Isto é, o Estado não decide qual a fé que os brasileiros devem ou não devem professar. A decisão é do povo. O Estado deve respeitar a cultura do povo.

O Estado brasileiro assinou com a Santa Sé (Vaticano) um tratado internacional, no qual o Estado se compromete a respeitar e a fortalecer os símbolos religiosos católicos. O Estado vai honrar o tratado?

No Brasil, segundo o Fernando Capez, a presença do crucifixo nas repartições públicas é uma “situação consolidada”. Por quê agredir a fé da absoluta maioria do povo? Por quê favorecer a intolerância de pequenos grupos? Aonde isto tudo vai conduzir?

Talvez o diálogo pudesse levar a uma situação nova: que haja mais de um símbolo onde exista grande número de fiéis de outras religiões?

Finamente, nós cristãos, diante deste episódio, escapamos de um exame de consciência para ver a qualidade de nosso testemunho evangélico na sociedade.

Dom Sinésio Bohn
Bispo Emérito de Santa Cruz do Sul

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