quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SALÁRIO MÍNIMO: UM JOGO DE CARTAS MARCADAS.

Por João Batista Filho*

Dia tranqüilo, quarta-feira, tarde ensolarada, seria mais um dia comum de nossa vida rotineira. Saí do trabalho pensando em chegar logo em casa, rever meus amores e ansioso para mais uma quarta recheada de futebol, muito futebol, por conta principalmente da Copa do Brasil. Tivemos jogos em praticamente todos os Estados da federação, inclusive no meu Piauí, onde o Comercial de Campo Maior perdeu para a Sociedade Esportiva Palmeiras e meu Vascão goleou o outro Comercial de Mato Grosso. Além disso, tivemos Taça Libertadores, Copa dos Campeões da Europa, enfim, opções diversificadas e eu pensando qual jogo iria escolher. Decidi assistir o jogo de Teresina, porém, não fiquei parado, com a comodidade do controle remoto, fiquei mudando, mudando e assistindo um pouco de cada. Foi  naquele instante que meu dia  se transformou, em uma dessas mudanças de canal, por acidente, pus em um tal de TV Senado, no exato momento em que nossos digníssimos senadores debatiam a votação do aumento do salário mínimo. Confesso que fiquei muito curioso e continuei assistindo aquele debate, que culminaria com a votação, assim como a emenda que tiraria do Congresso a prerrogativa de decidir sobre os valores da remuneração mínima para o povo brasileiro, a qual passaria ao Executivo, que usaria o bom e velho decreto para decidir. Mui estranho, como um parlamento se exclui de continuar deliberando sobre um assunto tão importante.  Fiquei refletindo: quanta coincidência, deixei incrivelmente uma noite de muito futebol para acompanhar um jogo de cartas marcadas. Mas, além de mim, quantas pessoas deixaram de ver os jogos para acompanhar esta votação? Isto é sério, muito sério, enquanto a maioria dos interessados assistia distraída seu futebolzinho, os políticos jogavam com seu futuro, com tenebrosas transações. Eu pensei que isso era coisa de ditadura ou mesmo império romano, mas aconteceu em pleno século 21, porém, um pouco diferente, dessa vez foi muito circo e pouco pão.

* Médico Veterinário e
Funcionário Público Estadual

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