terça-feira, 14 de setembro de 2010

Festa de São José de Ribamar sofre mudanças

Entre as principais atrações da festa estão as romarias, com ponto de partida na capital maranhense, em direção a cidade balneária. Este ano terão mudanças na programação, no sentido de resgatar o sentido religioso da festa

Carolina Mello 

Nem todos os fiéis acreditam que as mudanças vão dar certo
 
O festejo de São José de Ribamar começa nesta quinta-feira, 16, e vai até o dia 26 de setembro. É realizado na cidade homônima ao santo, a 31 km de distância de São Luís, pela paróquia do município.

Entre as principais atrações do evento estão as romarias, com ponto de partida na capital maranhense, em direção a cidade balneária. Este ano, os padres Edvaldo Teixeira, Gutemberg Feitosa e Cláudio Roberto implantaram mudanças na programação, no sentido de resgatar o sentido religioso da festa. Agora, o trajeto percorrido pelos devotos será maior, com paradas para louvação a São José.

Além disso, está proibido o consumo e a venda de bebida alcoólica durante o percurso, e nos demais ambientes do festejo. A circulação de carros de som de propaganda política também é vetada. As reformas deverão ser instauradas através da conscientização, segundo padre Edvaldo. Durante os dias que antecedem a festa, os párocos têm pregado junto aos féis a importância de moralizar o evento católico.

O tema e o lema do festejo este ano reforçam o intento dos padres de Ribamar. Com o tema “José, Justo e Santo, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus” e o lema “A família de Nazaré abraçou o projeto de Deus”, invocações aos valores familiares, os párocos visam fortalecer o vínculo dos fiéis com os princípios da igreja.

Segundo o padre Edvaldo Teixeira, a campanha em favor do festejo tem, entre seus objetivos, o de convocar a participação do maior número de pessoas em família. Durante as missas e eventos da paróquia de São José, fiéis estão sendo alertados para o dever de evangelizar o público do festejo, principalmente quanto ao uso de bebidas alcoólicas. A aposentada Domingas Silva Santos, 75 anos, aprova as medidas. “Os padres novos estão botando o festejo em ordem. Eles querem um festejo orante [sic], sem bebida, sem bagunça e sem propaganda política. Eu espero que seja como eles querem”, disse Domingas, que colabora com as atividades da paróquia há 45 anos.

Nem todos acreditam que as mudanças vão dar certo. Uma fiel que não quis se identificar disse ter receio de colaborar com a moralização do festejo. “Eu acho que vai ser difícil tirar a bebida, porque já é tradição. E essa história de acabar com carro de som, acho difícil a gente falar com o pessoal, pode até acontecer alguma coisa com a gente”, disse a mulher. Entre a muita fé de uns e a pouca fé de outros, a decisão tem agradado até mesmo com quem lucra com o festejo.

A vendedora de água de coco Maria Augusta Gomes Marques, 55 anos, falou em nome da categoria. “Todo mundo concorda com isso. Ninguém daqui (vendedores padronizados pela prefeitura, instalados na praça da igreja Matriz) vende bebida, esse pessoal vem de fora. E é através da bebedeira louca que vem morte, maldade e tudo de ruim”, disse Maria Augusta. Segundo informações dos bares da orla marítima do município, a venda de bebida alcoólica durante as romarias e na praça da Matriz é feita por todo tipo de gente: são ambulantes de ocasião. “O pessoal compra nos depósitos e vende só no dia”, informou o garçom Francisco Carneiro, 25 anos.

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