sábado, 2 de outubro de 2010

MARANHÂO:Clientelismo resiste e Sarney tenta manter poder com Roseana


Denúncias de abuso de poder atingem principais candidatos, incluindo ex-governador que foi cassado em 2009

02 de outubro de 2010 | 15h 51
Eugênia Lopes, enviada especial ao Maranhão

SÃO LUÍS - "O voto é secreto e ninguém tem como saber em quem você votou." O alerta, com ares de redundância para tempos democráticos, foi feito pela procuradora eleitoral do Maranhão, Carolina da Hora Mesquita Hohn. É extemporâneo, mas sintetiza a praga de clientelismo e fisiologismo que assolou a reta final da campanha eleitoral no Estado, destravando uma enxurrada de denúncias de compra de voto por candidatos ao governo estadual.
As acusações são as mais variadas e vão desde a suspeita de troca de voto por doação de gasolina, geladeiras novas e distribuição de uniformes escolares até a promessa de empregos numa futura refinaria a ser construída em Rosário, cidade a 67 km da capital. "As denúncias se intensificaram nos últimos dez dias", resumiu ao Estado a procuradora.
A maioria das denúncias que chegam ao Ministério Público Eleitoral atinge a governadora e candidata à reeleição, Roseana Sarney (PMDB). "É natural que isso aconteça porque ela está na frente nas pesquisas", observa Carolina. Mas os adversários de Roseana na corrida pelo governo maranhense, os candidatos Flávio Dino (PC do B) e Jackson Lago (PDT) também são alvos de acusações de abuso de poder econômico e compra de votos.
O tiroteio entre as campanhas é um retrato do clima de tensão na política do Estado. O resultado da eleição servirá de parâmetro para o futuro. A manutenção de Roseana Sarney no governo representará a permanência no poder de um grupo político liderado pelo ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB-AP), que há praticamente 44 anos comanda o Estado. Já Lago, governador cassado em 2009, aposta todas as suas fichas na eleição de hoje para voltar ao comando do Maranhão.
Neófito na política maranhense, Flávio Dino viu seu cacife político aumentar nos últimos dias diante da indefinição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em validar a candidatura de Lago. Tanto é assim que hoje disputa o segundo lugar em um eventual segundo turno com o pedetista. Ele conta com "uma onda" contra a família Sarney em todo o Estado. Aos 42 anos, Dino disputa pela segunda vez uma eleição majoritária: em 2008, foi candidato à prefeitura de São Luís, mas acabou derrotado.

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