Do blog do Professor Felipe Aquino
Caríssimos internautas católicos,
repasso carta que enviei hoje, a título pessoal, aos Bispos do Brasil.
Autorizo divulgação e reprodução.
Exmos. e Revmos.
Núncio Apostólico,
Srs. Bispos
da Presidência, do Secretariado Geral e dos Regionais da CNBB,
Caros irmãos e irmãs:
PAX ET LUX!
Iniciamos mais uma vez o Tempo da Quaresma, que, segundo o ensinamento oficial da Igreja, é um dos “momentos fortes na prática penitencial”, destinado especialmente “aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna” (Catecismo da Igreja Católica, 1997, n. 1438).
Tudo isto pretende outrossim favorecer nos fiéis uma viva recordação do próprio Batismo (“lembrança”), conforme nos recordou o Concílio Vaticano II (SC, 1963, n. 109). Em outras palavras, é um retorno ás fontes mais genuínas da nossa fé, no mais autêntico espírito conciliar; desde o século II se constata entre os cristãos o desejo de uma forte preparação para a Páscoa anual, que culminaria no IV século com os quarenta dias que hoje conhecemos (cf. Anámnesis 6, Marietti, 1968, pp. 151-7). Aliás, diga-se de passagem que deveríamos nos empenhar mais em resgatar a centralidade da Missa da Vigília Pascal, como ponto alto da vida de uma comunidade cristã consciente.
Ora, entendemos que a conversão (“metanóia” – mudança de mentalidade, de vontade, de atitudes e atos) deve produzir frutos concretos, também no ãmbito social, coletivo, comunitário. Mas os fatos demonstram que tal processo é lento, nem sempre linear, e que por isso não se pode pretender que resolvamos tudo de uma vez. Desde minha adolescência constato que misturar a temática/finalidade específica da Quaresma com o importante empenho de conscientização-mobilização promovido pela “Campanha da Fraternidade” na Igreja no Brasil – que, sem dúvida alguma, é valioso e premente – é na prática contraproducente, infrutífero, confuso. O maior problema é que tende a desviar a atenção de alguns da necessidade da conversão pessoal – nem sempre tão evidente assim na vida de muitos – para a discussão de temas, sim, relevantes, mas que em outro momento seria mais profícuo. O nosso povo é bombardeado/está saturado de informações, precisamos trabalhar com idéias simples e claras progressivamente, seguindo aliás a pedagogia amorosa de Jesus.
A luz dos 40 dias de empenho pela conversão pessoal (sem a qual não existe mudança de estruturas sociais, como sempre ensinou o bom senso e a tradição/o magistério católicos), unida com a luz de 50 dias de celebração eclesial pascal (que tende a favorecer um crescimento na consciência eclesial – como descrevem os Atos), certamente favoreceria mais um empenho social ao redor de algum tema específico da sociedade brasileira ou do cenário internacional.
Tudo isto pretende outrossim favorecer nos fiéis uma viva recordação do próprio Batismo (“lembrança”), conforme nos recordou o Concílio Vaticano II (SC, 1963, n. 109). Em outras palavras, é um retorno ás fontes mais genuínas da nossa fé, no mais autêntico espírito conciliar; desde o século II se constata entre os cristãos o desejo de uma forte preparação para a Páscoa anual, que culminaria no IV século com os quarenta dias que hoje conhecemos (cf. Anámnesis 6, Marietti, 1968, pp. 151-7). Aliás, diga-se de passagem que deveríamos nos empenhar mais em resgatar a centralidade da Missa da Vigília Pascal, como ponto alto da vida de uma comunidade cristã consciente.
Ora, entendemos que a conversão (“metanóia” – mudança de mentalidade, de vontade, de atitudes e atos) deve produzir frutos concretos, também no ãmbito social, coletivo, comunitário. Mas os fatos demonstram que tal processo é lento, nem sempre linear, e que por isso não se pode pretender que resolvamos tudo de uma vez. Desde minha adolescência constato que misturar a temática/finalidade específica da Quaresma com o importante empenho de conscientização-mobilização promovido pela “Campanha da Fraternidade” na Igreja no Brasil – que, sem dúvida alguma, é valioso e premente – é na prática contraproducente, infrutífero, confuso. O maior problema é que tende a desviar a atenção de alguns da necessidade da conversão pessoal – nem sempre tão evidente assim na vida de muitos – para a discussão de temas, sim, relevantes, mas que em outro momento seria mais profícuo. O nosso povo é bombardeado/está saturado de informações, precisamos trabalhar com idéias simples e claras progressivamente, seguindo aliás a pedagogia amorosa de Jesus.
A luz dos 40 dias de empenho pela conversão pessoal (sem a qual não existe mudança de estruturas sociais, como sempre ensinou o bom senso e a tradição/o magistério católicos), unida com a luz de 50 dias de celebração eclesial pascal (que tende a favorecer um crescimento na consciência eclesial – como descrevem os Atos), certamente favoreceria mais um empenho social ao redor de algum tema específico da sociedade brasileira ou do cenário internacional.
PROPONHO, PORTANTO, QUE A PARTIR DE 2013 (50° ano da Sacrosanctum Concilium) A IGREJA NO BRASIL TRANSFIRA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE PARA O MÊS APÓS A SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE, IMEDIATAMENTE APÓS A MESMA. Nestes tempos em que o Sucessor de Pedro insiste sobre a necessidade de uma “nova evangelização”, dado o esfriamento da fé católica em muitos e o seu abandono crescente, somos convocados a rever as nossas praxes pastorais a fim de não perdermos nenhuma ocasião para formarmos autênticos cristãos, transformados pela Palavra, pelos Sacramentos, pela Graça e pela Misericórdia divinas – e com isso capazes de se tornarem promotores do bem no mundo e na sociedade. Assim sendo, proponho que para o Tempo da Quaresma a CNBB elabore subsídios que favoreçam um autêntico encontro com a misericórdia de Cristo, o Bom Pastor, no estilo de Exercícios Quaresmais, Retiros Populares ou afins, deixando subsídios de reflexão social para o tempo pós-pascal, como indicado.
O Documento de Aparecida nos exorta sobejamente a respeito da formação de verdadeiros cristãos-católicos. Diz, entre outros, que o autêntico discípulo de Jesus Cristo é formado na “Sagrada LIturgia”, que quer promover a “vida nova em Cristo” (n. 250). Ela já possui em si mesma toda a riqueza de luz e graça para que o indivíduo se torne mais semelhante a Cristo, Profeta, Sacerdote e Pastor, resgatando assim a sua dignidade batismal. A dimensão social da Eucaristia não é mais ou menos favorecida com a introdução de temáticas que na prática tendem a empanar aquilo que possui de específico, de transformador, de divino. No centro dos “Mistérios da Fé” não está o homem, ou o social, mas a Trindade/o Filho feito homem!
A transferência da Campanha da Fraternidade para o mês posterior aos Grandes Tempos da Quaresma e da Páscoa (especificamente após a Solenidade da Trindade) permitiria colher mais ainda os frutos sociais da penitência (cf. SC 110). Poder-se-ia até mesmo aumentar o número de coletas nacionais com esta finalidade, pois sem dúvida alguma quem passa da morte à vida, como individuo e comunidade (“páscoa”), quem é lavado na água que purifica e renovado pelo sangue que vivifica (teologia joanina), há de mostrar pelo mundo que sofre (na alma e no corpo) compaixão e condescendência.
Fraternalmente em Cristo Jesus nosso Senhor,
pe. Jonas Eduardo G C Silva, MIC
Vigário paroquial
Santuário da Divina Misericórdia
Curitiba PR
Mestre em Teologia Dogmática
Santuário da Divina Misericórdia
Curitiba PR
Mestre em Teologia Dogmática
Curitiba, 10 de março de 2011.
www.misericordia.org.br
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