domingo, 3 de abril de 2011

NÃO A POLITIZAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO.

Servidores do Incra-MA fazem manifestação contra indicação política

POR JULLY CAMILO
No início da manhã de ontem, servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) realizaram uma manifestação sob forma de café da manhã diante da sede da superintendência do órgão em São Luís, no Anil. Com a exoneração do superintendente regional do Instituto, Benedito Ferreira Pires Terceiro, no último dia 25, por suspeita de envolvimento com irregularidades, os funcionários reivindicam ao atual presidente nacional do instituto, o engenheiro agrônomo Celso Lacerda, e ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, que o cargo seja ocupado por um servidor de carreira e não fruto de indicação política.
De acordo com o analista Levi Pinho Alves, em razão da situação negativa vivenciada pela Superintendência Regional do Maranhão e diante da possibilidade que alguém alheio à realidade do órgão vir a assumir a gestão, os servidores deliberaram em assembléia indicar uma lista com três servidores do órgão, de onde sairia o superintendente regional. Levi afirmou que a reunião ocorreu no dia 31 de março e contou com a participação e votação de 232 servidores, dos 408 que compõe o quadro do Incra em todo o Maranhão.
"As irregularidades ocorreram em decorrência da ingerência político-partidária da administração dos últimos gestores, e isso tudo afeta negativamente a execução da política de reforma agrária no estado. Portanto, queremos uma gestão participativa, transparente, a fim de coibir qualquer deslize que possa vir a manchar o nome do Incra", disse Levi Alves.
A também analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário, Hulda Rocha, explicou que durante a assembleia foi elaborado um abaixo-assinado, além da lista tríplice já enviada a Brasília com os nomes dos seguintes servidores: Luís Alfredo Soares da Fonseca (com 119 votos, atual superintendente interino do Incra no Maranhão); Levi Pinho Alves (com 27 votos) e Laurilene Alencar Muniz (com 26 votos).
"O órgão não é corrupto, o que ocorre é que apenas um grupo coloca seus interesses políticos à frente do verdadeiro papel que se deve desempenhar e suja toda uma história de lutas. Somos contra esse tipo de postura e por isso queremos servidores no comando do Incra-MA, com continuidade de trabalho e transparência de gestão", explicou Hulda.
Relembrando o caso - O ex-superintendente do Incra-MA, Benedito Terceiro, foi exonerado do cargo, no último dia 25, após ter tido sua prisão preventiva pedida pela Polícia Federal em decorrência de suspeitas de integrar um suposto esquema de desvio de verbas do órgão. Um ouvidor agrário e o chefe de uma das divisões do órgão no estado também deixaram seus cargos. Segundo a PF, cerca de 30 pessoas são investigadas por participação nos desvios.
De acordo com a polícia, em vistorias a 25 assentamentos da reforma agrária no Maranhão foram encontradas casas inacabadas e com material de baixíssimo custo, além de cerca de 300 unidades que não saíram do papel.
O Incra informou que todas as operações de crédito na regional para construção de casas foram suspensas e que os 21 convênios identificados como fraudulentos estão sendo revistos. O órgão informou também que ainda não foi possível confirmar os valores desviados porque aguarda detalhes da investigação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário